Algum tempo atrás li uma entrevista da Adélia Prado, em que ela, divinamente mineira, declarou, entre outras iluminuras, mais ou menos isto aqui: "poesia é coisa muito boa de fazer." Tal afirmação me fisgou na alma, e como um peixe-poeta tentei sobreviver nos versos abaixo, já que escrever pra mim é sempre uma espécie de morte. João Cabral de Melo Neto dizia, por exemplo, que saía do seu poema como quem lava as mãos. Eis-me pescado de vez:
_ Coisa boa de fazer é poesia!
Boa para quem não faz.
Se não for um Salmo: uma heresia.
Não componho mais.
Suponha-se a rima feliz,
E a dor de quem a cria?
Psiu! Palavras são armas vis,
Disse-me certa vez uma cotovia.
Feito o verso, no limbo jaz.
Escrita, está torta a ortografia.
Portanto não componho mais,
De mim mais nenhuma algaravia.
Poema selecionado para o livro do 1º Concurso Digital
de Poesias da internet brasileira, do site TALENTOS.
(Pedro Ramúcio)
E agora... Abril
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Acusam-me de Mágoa e Desalento
Carlos de Oliveira
Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne voss...
Há 20 horas
enfim encontrei teus versos pra minha ídola! (dá uma réiva essa palavra não existir!)
ResponderExcluirramúcio, ramúcio - que lindas sandálias deste para adélia!!
besos
Vamos combinar assim, Líria: Adélia põe as Sandálias que lhe ofereci num pé, e no outro, ela desfila com estes versos perfeitos que tu costuraste com mãos de nuvem pra ela:
ResponderExcluirEu amo essa mulher
(Líria Porto)
Adélia - meu ídolo
faz amor enquanto reza
: esta santa é uma puta
poeta
Será que ela toparia lançar essa moda?
Sabia que eu vivo de vender zapatos mesmo?
Com pés de Manassés,
Ramúcio.
jura? eu adoro andar descalça... risos
ResponderExcluirbesos
viva zapata!
Líria-líria,
ResponderExcluirDeveria ser permitido aos poetas andarem descalços e nus...
Aliás, isso me lembra uns versos cantados pelo grandenorme Alceu Valença:
"Eu sempre andei descalço
No encalço dessa menina
E a sola dos meus passos
Tem a pele muito fina..."
Ou, Walt Whitman (poeta maior dos eua, país que o grande Roberto Lima escolheu pra se tornar cidadão - do bem - do mundo):
"Não me sinto contido
Entre o chapéu e os sapatos..."
Bom final de semana (a happy weekend!),
P. Ramúcio.
tenho uns versinhos mais ou menos assim:
ResponderExcluir"devia haver um decreto
deixem o poeta quieto
é lindo viver de brisa"
besos
Oh, Líria de líricas Lindas,
ResponderExcluirSeus "versinhos" são sempre gigantes. Traga-os sempre aqui, sim?
Manuel Bandeira também escreveu um poeminha sobre o tema:
BRISA
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros,
minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó,
teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
(Num é lindo demais também!)
Sempre uma honra receber-te,
Pedro Ramúcio.
Eu digo que sou poeta
ResponderExcluirsomente eu acredito
o satânico vira santo?
e eu lhe convenço que,
sou uma poeteira