quarta-feira, 20 de abril de 2011

TINHA UM PÊNALTI

Prometi um poema pro Zico, um dos maiores que a bola já conheceu. Ei-lo, surrupiado ao Drummond: um dos maiores que a palavra já conheceu.

No meio da Copa tinha um pênalti
Tinha um pênalti no meio da Copa*
Tinha um pênalti
No meio da Copa tinha um pênalti

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na lida de minhas chuteiras tão consagradas
Nunca me esquecerei que no meio da Copa
Tinha um pênalti
Tinha um pênalti no meio da Copa
No meio da Copa tinha um pênalti

Mas a vida não se resume a um pênalti
Vai, Zico! ser craque por todo o sempre

*Copa do Mundo de 1986, no México

(Dedicado a AL-Chaer, craque de Goiânia)

(Pedro Ramúcio - perna de pau de Valadares)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"TEATRO DA VIDA"

Porque nem sempre se pode roubar a cena, roubei o título deste poema...

Você vai ao teatro
E depois do terceiro
Ou quarto ato
Depois de o drama
À plateia, exposto
Aplaude com saúde
A tragédia dos outros

(Abram-se as retinas)

(Dedicado a Lara Amaral, do "Teatro da Vida")

(Pedro Ramúcio)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O POETA GARCIA LORCA RESSUSCITA UM INSTANTE

Uns lutam a vida inteira e são inprescindíveis: simples pensar do imprescindível Bertolt Brecht.

Nenhuma aurora trará de volta o poeta
O poeta que se perdeu pelas noites
O poeta que não se rendeu aos açoites
O poeta que não se curvou aos algozes
O poeta que era e tinha mais de mil vozes
O poeta que agora descansa nalguma tarde
Feita para seu poema em forma de fogo
E sangue

Nenhuma tarde ainda que liberta trará de volta
O poeta que se partiu rútilo pelas manhãs
O poeta que pariu rios de águas salgadas e sãs
O poeta que desdenhou a sanha de seus assassinos
O poeta que desenhou nos muros novos destinos
O poeta que agora repousa nalguma noite
Perfeita para seu poema em forma de lodo
E luzes

(Dedicado ao bardo de Braga Jorge Pimenta, que andara lendo Lorca recentemente)

(Pedro Ramúcio)