sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

RIO DE OUTUBRO

A partir de hoje este blog ganha sobrenome: passa a se chamar CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos), posto que agora inauguro este canto em homenagem a um dos maiores cantos da América Latina, voz que se quedou dois meses atrás mas jamais se silenciará em nossos corações e mentes.

Meu coração (de poeta)
Amanheceu de luto
Turvo o dia, sofro o gosto
Rubro da saudade
Há nuvens em minha alma
Um rio de outubro percorre
Desde julho até setembro
Dela e meu aniversário
Nove e nove desses meses
Precisa a dela, vizinha a minha
Datas históricas de nossas pátrias
(Liberdade ainda que algum dia)
Datas histéricas de nossos frátrias
(Liberdade ainda que algum dia)
Um rio de outubro percorre
Sombrio, pela amarga perda
Bravio, pela doce herança
Esse rio sem foz e sem nascente
Posto que corre dentro da gente
A mim me lava bem no centro
Onde eu não me aguento fraco
E desempoeirado monumento
Ergo versos que só ergo assim
A quem nadou dentro de mim
E para todo o eterno nade e nada
Bem no centro onde melhor me lava
Mercedes Sosa mergulha nessa água
Esse rio de outubro em que me banho
Por dentro do mais vivo calendário
Dia quatro calou-se o canto libertário
Mas liberta esteja toda a América Latina
(Cuba, Honduras, Brasil e Argentina...)
Cada vez que ouça a força dessa imensa voz
Cada vez que cante por nós Mercedes Sosa
Eternamente cante por nós Mercedes Sosa
Gracias! Gracias! Gracias! Gracias!

A Raimundo Fagner e Milton Nascimento

(Pedro Ramúcio)

9 comentários:

  1. Ramúcio, um amigo musico ganhou de mercedes um lenço de seda, que ela carregava no pescoço como se fosse um xale.
    anos após ter recebido o presente, o perfume de mercedes ainda morava dentro do guarda-roupa desse meu amigo.
    lindo, né?

    ResponderExcluir
  2. Roberto, deve ser porque Mercedes tem o cheiro de Deus. Se ele procurar bem, o perfume dela ainda estará lá.
    Daqui a pouco vamos revelar o amigo-oculto na casa dos pais da musa-esposa. Ano passado o Julinho, craque de bola da sua juventude-ontem, pintou por lá e, mesmo sem fazer parte dos nomes escritos nos papeizinhos secretos, brincava e participava a cada revelação que ia sendo feita.
    Sou um cara de sorte por ter um amigo como você, que nunca está oculto, antes, sempre me presenteando publicamente com o maior dos presentes: palavras de puro afeto e estima.

    Feliz Natal de quem o estima muito,
    Ramúcio.

    ResponderExcluir
  3. Rapaz,
    Julinho (ele foi batizado assim mesmo... carinhosamente... Julinho... tá registrado em cartório, sabia?)é um amigo que adoro. Passa o endereço do blog pra ele?
    Crescemos juntos em São Raimundo. Jogamos bola no mesmo time desde que eu tinha 10 e ele, 12. Adoro esse cara. E era um craque, viu? E artilheiro.
    Tenho saudades dele.
    De imenso.
    Abração do
    Roberto.

    ResponderExcluir
  4. Que bom gosto Pedro... Alem da poesia, essa grande cantora...Eu não me canso nunca de a ouvir...
    Boas festas com mar ao meio...

    ResponderExcluir
  5. Roberto,
    Por falar em Julinho, também joguei muita bola; fui craque e perna-de-pau. Explico: míope de quase 20 graus, por timidez nunca levei meus óculos pro campo. Mas lá pelos treze anos, passei a usar lentes de contato e, como, de pertinho, sempre tive certa intimidade com a pelota, virei Gérson a longo alcance também, ou seja, conseguia ver o campo inteiro. Só que nessa altura do campeonato já era tarde, minha má fama já se tinha espalhado pela cidade. E pra piorar minha reputação, de vez em quando as lentes irritavam ou saíam dos olhos em pleno jogo, e não dava outra: eu virava Chicão de novo, na mesma partida. Ninguém entendia nada e eu fui ficando marcado como "avacalhador". Em alguns "par-ou-ímpar" eu nem entrava, preferiam jogar com um a menos. "Já pensou, ele no gol?", era a justa justificativa dos maus perdedores. Certo campeonato, fiz sete gols contra de cabeça. Meu treinador foi à loucura e me proibiu de voltar até nossa área nos escanteios do time adversário; eu era perigo de gol: deles. Qualquer hora, poeta, lhe conto como comecei uma partida marcando o craque do outro time (ordem do professor, uai) e depois do intervalo, por causa de um cisco na lente, passei o segundo tempo inteirinho na marcação do jogador errado: troquei o "camisa 7" pelo "camisa 4" deles. Aí já é outro capítulo à parte: ingressos a venda! Apesar de tudo, também bate muita saudade de vez em sempre. Ah! Já atuei no seu reduto, brinquei muitas "peladas" no Fut-bar da Vila Isa, no final dos anos 1980 e início de 1990...

    Abração,
    Ramúcio.

    ResponderExcluir
  6. Magnolia,
    Escrevi essa poesia exatamente como está, no dia do enterro da inesquecível Mercedes Sosa, a quem passei minha infância e adolescência ouvindo muito. Que bom que você gostou dessa simples homenagem que fiz a "La Negra", porém com a alma realmente banhada de tristeza. Um mar ao meio...

    Obrigadíssimo mais esta vez,
    Pedro Ramúcio.

    ResponderExcluir
  7. Ramúcio, sua estória dá crônica.
    Mas arrisco a perder o amigo.
    Sei não...rs...

    ResponderExcluir
  8. grande mercedes - grandes palavras tuas para o roberto - e vício in-verso! gracias!!!
    besos

    ResponderExcluir
  9. Mercedes era matriz, inauguração, coragem...
    A força de seu canto, a mim me foi primordial.
    Roberto me é, também, primordial. A história (de verdades) dele muda rumos, cria estradas. Sou fã.

    Líria-líria,
    Obrigado por toda poesia and gentileza: ramúcio.

    ResponderExcluir