quarta-feira, 16 de março de 2011

TSUNAMIS

Para acordarmos, às vezes, é preciso passar pelo pesadelo.

Pode o que não pode ser,
Pobre a pedra de ouro.
Pode a manhã amanhã nem nascer,
Matam a alma para revender o couro.

Pode o mar não se conter,
E vir bater à sua porta.
Pode o que não pode ser:
Celebram a vida, ainda mais se aborta.

Pode tanto ser tão pouco,
Pode o que não pode ser.
Preso o pássaro solto,
Deixam a lógica aos loucos se perder.

Pode a birra virar ira,
O irmão te fira a bel-prazer.
---------------------------------,
Ah! Pode ser o que não pode ser!

(Dedicado ao poeta e engenheiro Al Chaer, de Goiânia -
Césio-137, nunca mais!
Para a psicóloga e escritora Lígia Paz, de Blumenau in Curitiba pour Manaus -
autora do livro da capa verde "O Segredo Dos Invejáveis")

(Pedro Ramúcio)

22 comentários:

  1. que a ira virá ou estará vindo ou se instalará em meios aos tantos precipícios, velas ao mar eu velo,

    abraço poeta de extensa ramagem

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  2. Assis,
    Tuas palavras são de ouro, poeta, ouro da maior riqueza que há, que é a poesia, da alma o pão nosso de cada dia, de que me alimento toda manhã antes de nascer de novo, e ao fim do dia, vencidos todos os leões, dragões, e outras feras mais, refaço as forças nela outra vez, na paz da poesia...
    Tá faltando poesia e sobrando usina nuclear no mundo, amigo de feiras fartas, e a única explosão que me interessa é a explosão de uma rima nascendo das mãos trêmulas de pessoas de bem...
    Sempre uma honra merecer você aqui, não me canso nunca de o dizer...

    Abraço "irado",
    Ramúcio.

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  3. Pedro,

    que época, meu caro, em que matam a alma para revender o couro...

    " Que século, meu Deus! Diziam os ratos.E começavam a roer o edifício."

    Mas "Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

    Fortíssimo abraço, meu amigo!

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  4. Pedro,


    Bela e contunde poesia...
    Que os homesn reflitam !



    Bjo.

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  5. Diante da insurgência de um fantasma natural com três faces, os escombros flutuando diante dos olhos e das câmeras, eu me pergunto que monólogo um Hamlet do nosso tempo faria?

    O que parece não poder deixar de ser é a angústia e um desconforto de ser ou estar sujeito aos insuspeitados sismos, ondas e vazamentos da vida.

    Um grande abraço, Pedro.

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  6. Nanini,
    De mãos dadas com a poesia, amigo, porque com a política nem sempre podemos (ou devemos)...
    E eu que sou um apaixonado pelas duas , poesia e política: quando não bem jogadas, sofro dobrado por uma e outra...
    Rousseff quer dizer progresso?
    __ Queremos frátria!

    Abraço maior,
    Pedro.

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  7. Malu,
    Será que um dia, cônscios, construirão usinas de versos, reatores de rimas, para catalisar toda a energia da alma?
    Deus, o poeta. O homem, a antirréplica. Por í, amiguinha, infelizmente...
    Resta linda tua visita aqui, de coração aberto agradeço...

    Abraço poético,
    Pedro Ramúcio.

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  8. Marco,
    Temos, como Hamlet, o pavor do desconhecido!
    Amigo, será preciso um novo ovo de Colombo?
    Prazer imenso merecer-te aqui, uma vez mais, poeta de sismos na alma...

    Abraço ensimesmado e enoutrosado (ih, piração!),
    Pedro Ramúcio.

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  9. Pedro pedreiro de versos, meu querido!

    E o couro custa caro! A alma, essa jogam aos porcos.
    É sempre um prazer ler os poetas!
    Bjão e bom fds

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  10. Ira,
    É sempre um prazer ter você aqui, minha amiga!
    Eu, que em alguns segundos sísmicos cismo que sou poeta!
    Obrigado pelo abalo da visita, você sempre causa quando vem...

    Abraço de ótimo final de semana a si e aos seus,
    Pedro Ramúcio.

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  11. meu caro,

    obrigada pela visita :)
    me alegra a tua presença no meu reino - que também é teu.

    abraços

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  12. Zélia,
    Sempre uma alegria receber você, merecer uma visita sua aqui no meu quintalzim de quimeras, como sempre é a mesma alegria poder visitá-la, ser recebido lá em seu Ad Litteram...

    Abraço de domingo com o desejo de uma ótima semana,
    Ramúcio.

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  13. Felicidade Clandestina,
    Obrigado pela visita, eu...
    E obrigado mais ainda por poder visitá-la em seu reino das palavras, onde a poesia é rainha...
    Volte sempre que tiver um tempinho, esta casa é sua também...

    Abraço mineiro,
    Pedro Ramúcio.

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  14. O poeta é como o príncipe das nuvens. As suas asas de gigante não o deixam caminhar.

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  15. Moça das Emoções,
    Saiba que me é imensa a alegria de merecer um pouso teu aqui no meu - nosso - quintal de quimeras...
    Espero que não esqueças o itinerário e voltes sempre...

    Abraço mineiro,
    Pedro Ramúcio.

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  16. Sensível e muito bonito poema!

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  17. Laríssima,
    Ter você aqui torna tudo bonito...
    Gosto quando você vem, como adoro ir te visitar...

    Abraço de Minas,
    Pedro Ramúcio.

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  18. Grande Pedro,

    vALeu pelo poema e pela dedicatória !!!

    Na semana passada, comentei com meus alunos de Engenharia Civil se valia a pena, para um país como o Japão chegar à impressionante posição de 3a. Economia do Mundo, ter 25% de energia gerada a partir de usinas atômicas.

    Sabe-se que as zonas mais sujeitas a terremotos estão no Japão, Cordilheira dos Andes, Oeste do México e o Estado da Califórnia, nos EUA.

    Então, eu perguntava aos alunos se não seria muito arriscado plantar usinas atômicas exatamente sobre uma "bomba-relógio".

    Aqui em Goiânia, uma "pedrinha de Césio-137" (como você bem lembrou) gerou uma quantidade enorme de lixo radioativo, que está depositado em containers revestidos por concreto, numa área que é maior que muitos aterros sanitários de grandes capitais. Então, considerando ainda o acidente de Chernobyl (na Ucrânia), eu fico imaginando as consequencias (as que já vimos e as que ainda virão) deste acidente para o Japão e para as regiões próximas e/ou até mais distantes.

    E, o pior de tudo é que as autoridades nunca deixam a verdade aparecer, sempre minimizando os acontecimentos.

    Sabemos que o desenvolvimento demanda energia, mas - repito - será que valeu a pena para o Japão ter alcançado tal nível econômico, às custas de geração de energia atômica assentadas em uma região cujo risco de terremotos é alto?

    Sabe-se - tecnicamente - que a geração de energia a partir da fissão nuclear, por aceleração de partículas de material radioativo, é - proporcionalmente - a de maior rendimento.

    Mas, este "custo-benefício" que - no papel - é atrativo, na prática pode ser muito caro.

    O mundo precisa repensar o seu modelo energético.

    Grande AL-Braço
    AL-Chaer

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  19. Doce Pedro...

    Passei para agradecer o carinho e por me dar a honra de fazer parte da história da sua vida!
    Amo a sua alma de poeta, o seu jeito de menino maroto associado a sua visão madura de mundo.

    Poeta de sorriso franco, coração aberto, pés no chão e sonhos nas nuvens... Muito obrigada por existir!

    Beijos Av3ssos,
    Lígia

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  20. AL,
    Valeu pela visita e pelo comentário tão apropriado e pertinente, e pela aula trazida de lá pra aqui...
    Deu até vontade de colar o que você disse ao magnífico poema de Drummond:

    O HOMEM; AS VIAGENS

    O homem, bicho da terra tão pequeno
    Chateia-se na terra
    Lugar de muita miséria e pouca diversão,
    Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
    Toca para a lua
    Desce cauteloso na lua
    Pisa na lua
    Planta bandeirola na lua
    Experimenta a lua
    Coloniza a lua
    Civiliza a lua
    Humaniza a lua.

    Lua humanizada: tão igual à terra.
    O homem chateia-se na lua.
    Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
    Elas obedecem, o homem desce em marte
    Pisa em marte
    Experimenta
    Coloniza
    Civiliza
    Humaniza marte com engenho e arte.

    Marte humanizado, que lugar quadrado.
    Vamos a outra parte?
    Claro — diz o engenho
    Sofisticado e dócil.
    Vamos a vênus.
    O homem põe o pé em vênus,
    Vê o visto — é isto?
    Idem
    Idem
    Idem.

    O homem funde a cuca se não for a júpiter
    Proclamar justiça junto com injustiça
    Repetir a fossa
    Repetir o inquieto
    Repetitório.

    Outros planetas restam para outras colônias.
    O espaço todo vira terra-a-terra.
    O homem chega ao sol ou dá uma volta
    Só para tever?
    Não-vê que ele inventa
    Roupa insiderável de viver no sol.
    Põe o pé e:
    Mas que chato é o sol, falso touro
    Espanhol domado.

    Restam outros sistemas fora
    Do solar a col-
    Onizar.
    Ao acabarem todos
    Só resta ao homem
    (estará equipado?)
    A dificílima dangerosíssima viagem
    De si a si mesmo:
    Pôr o pé no chão
    Do seu coração
    Experimentar
    Colonizar
    Civilizar
    Humanizar
    O homem
    Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
    A perene, insuspeitada alegria
    De con-viver.

    (Carlos Drummond de Andrade)

    *

    Abraço de mim de Minas,
    Pedro Ramúcio.

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  21. Lígia,
    Nem sei o que eu fiz - de errado - pra merecer todo esse carinho e atenção seus comigo, mas procurarei não fazer nada de certo que me faça perdê-los um dia...
    Doce é o que vem docê, amiguinha meiga minha do Sul...
    Eu sou apenas aquele desajeitado que teima em palavras dizer um pouco do que queima em seu peito de apaixonado e sonhador incorrigível...
    Fico feliz que você tenha gostado da dedicatória, moça sensível do lindo livro da capa verde...

    Obrigado pela visita e ótimo final de semana a si e aos seus,
    Pedro Ramúcio.

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