Devo sentir que sem ti sou um sofredor
Devo sonhar que sonhar é substituir a dor
Devo saber que saber é se enganar
Devo dizer que calar é consentir sem se contentar
Devo lutar que não lutar é estar sem luz
Devo amar que não amar é carregar de outro jeito a cruz
Devo sorrir que sem sorrir o rio passa desigual
Devo cantar que sem cantar o verbo é um numeral
Devo querer que por querer faço o festival
Devo erguer que ao erguer passo do passional
Devo dispor que por dispor dispo sem desvestir
Devo compor que ao compor pareço que eu vou parir
Devo servir que servir é vir a ser fã do afã do Capinam
Devo ousar que ousar é ouvir ontem o amanhã
Devo perder que perder é fonte de encontrar
Devo temer que temer, pois, são dois a se admirar
Devo chorar que chorar é uma oração sem ajoelhar
Devo orar que orar melhora minha hora de caminhar
Devo pedir que pedir permite que eu ganhe ou não
Devo doar que doar simplesmente faz bem ao meu coração
Devo descrer que descrer desfaz o toldo azul do céu
Devo rever que rever refaz da noite um dia de véu
Devo passar que passar é o recomeço depois do fim
Devo durar que durar é o futuro de pra onde eu vim
Devo cair que cair é medir a altura mais pura de mim
Devo voar que voar é poder visitar a casa de um querubim
Devo tecer que tecer é entreter com o mesmo teor
Devo rimar que rimar é ser poeta mesmo sem um tear
Devo dever que dever é devolver o vaso ao criador
Devo propor que propor é prorrogar o prazo de entregar
(Dedicado ao baiano Roberto Mendes, atual grande parceiro de Capinam)
(Pedro Ramúcio)
Que feliz escolha Pedro..
ResponderExcluirBelíssimo..
Abraço.
Esses seus versos vão de encontro aos meus... Senti meus pés cambalear num rio desigual!
ResponderExcluirIngrid,
ResponderExcluirFeliz eu fico por merecer-te aqui nesse quintalzim de quimeras, por receber teus perfumes e palavras...
Quanto à escolha, que bom que tenhas gostado...
Abraço de mim de Minas,
Pedro Ramúcio.
Michelle,
ResponderExcluirQeu bom quando os versos desaguam iguais, quando sentimentos outros navegam neles, por eles...
Sempre uma alegria receber você aqui, cê sabe disso...
Abraço poético,
Pedro Ramúcio.
Pedro, meu querido,
ResponderExcluirQue escolha perfeita! Nossa memória musical, quase sempre, se arranha nos engodos que a mídia e a indústria fonográfica nos empurra goela abaixo.
Aqui esta Capinam, um grande autor, que merece todas as honras, as suas , as nossas e de quem mais ama a boa música.
Parabéns pela homenagem contida nesse balanço de poema.
Quanto ao Assis, já me encantei. Estava certo, vc, meu amigo poeta.
Bjão
corre esse rio desigual em palavras que arrastam acordes, segue melodia de auxílio luxuoso entre os deveres, ver o que verte - sons em cascata,
ResponderExcluirabração
p.s. Capinam é um porreta
Ira,
ResponderExcluirToda vez que se fala de Capinam (que bom que falamos dele aqui, amiguinha minha carioca), lembro o verso dele que diz assim: "quem me dera agora eu tivesse a viola pra tocar", de Ponteio, dele e Edu, que eu adoro muito, e sempre, a despeito das mídias não tocarem quase. É que esse verso encerra a única frustração que carrego na vida, a de não tocar um instrumento, eu que arranho guturalmente um violão velho que tenho em casa, pra desespero da musa-esposa, que finge que gosta só pra me agradar...
Quanto ao mais, como diz o Assis logo acima (que bom que você se encantou com ele), Capinam é um porreta, e eu sou fã dos três...
Nossa parceria, a caminho...
Abraço ímpar,
Pedro Ramúcio.
Pedro, rapaz, teu poema tem a mesma envergadura da obra do mestre Capinam.
ResponderExcluirVersos supimpas e grávidos de significado.
Parabéns pelo poema e pela homenagem.
Assis,
ResponderExcluirVocê é um porreta, sou fã de ser fã de quem é fã de você...
Abraço pré-escrito,
Pedro Ramúcio.
Paulo,
ResponderExcluirReceber um elogio teu assim dessa envergadura, dura o tempo de sair correndo pra escrever poemas a mais que não sejam poemas a menos, mas creio que o elogio está acima de minha envergadura, amigo, e porquanto um dia eu tenha sonhado ser um poeta que deixasse ao menos a caligrafia rápida duns versos autênticos, aceito o elogio como um agrado que faz bem à alma deste mero rabiscador de quimeras, e agradeço tua generosidade pelas dóceis palavras, poeta...
Mas o melhor de tudo é ter contigo aqui no nosso quintalzim de homenagens - que hoje reverencia o mestre Capinam -, que não duraria uma lua sem mãos feito as tuas a cultivá-lo com o adubo certo da amizade...
Obrigado de imenso pelo carinho, mas podes criticar-me quando o quiseres...
Abraço nas alturas,
Pedro Ramúcio.
Pedro,
ResponderExcluirpoemas maravilhosos assim, que pronunciam a aceitação das ondulações da vida, transcendem a página, tornam-se prece, receita de vida. Você pararece que testou em si os caminhos e nos entrega um itinerário sem atalhos.
E que música vem com os versos!!!
Forte abraço!
Nanini,
ResponderExcluirMais que maravilhoso é ouvir sua voz soar sobre meus rabiscos, aí sim os versos viram versos, ficam bonitos se tiverem beleza, cê tem o olhar de quem sabe ver, mãos de quem sabe dizer, rapaz, e diz...
Obrigadíssimo pela presença, poeta. Vamo-nos por esse rio de versos e amizades...
Abraço desinundado de silêncios,
Pedro Ramúcio.
querido amigo pedro,
ResponderExcluirhoje de manhã, no meio da trapalhice e do sono, acabei por não aceitar o teu comentário. agrhhhh. comentário afectuoso, revestido com a pátina da amizade e um topping de portugalidade. fiquei desolado. mas, simultaneamente, muito sensibilizado com as palavras que reiteram o desencontro da matéria relativamente às valências que nos fazem homens. e ter-te por cá, bem como à ira, seria poeticamente incrível; humanamente irresistível.
um abraço, querido amigo!
Jorge,
ResponderExcluirConsidero o comentário aceito. Que bom que o consideras afectuoso...
E quanto a Portugal ser-me uma espécie de parto extraviado: uma história brevemente longa; conto-a oportunamente, amigo...
Prazer imenso merecer-vos sempre aqui, a ti e à Ira; bem como vos poder visitar vez em quandos...
Abraços poéticos,
Pedro Ramúcio.
ah, pedro da rama...
ResponderExcluirroberto mendes, capinam...
na tertulia eu quis ler Tempos Quase Modernos, mas uma timidez feladaputa não me deixou. definitivamente, não sou garoto de ipanema. não tenho a menor graça. sou um menino bobo e da roça...rs
mas sou fã (demais!) de capinam que, na minha opinião, foi o grande poeta da tropicália.
mas como gosto é como pescoço, é cada um com seu torquato... enquanto caetano toma banho de grana.
beijão, irmão do grego.
r.
Roberto,
ResponderExcluirE Capinam continua em grande forma, rapaz. Continua escrevendo como nunca, como sempre...
Sua atual parceria com RM é um primor de qualidade poética, inclusive a música deles que tá no disco que te passei do Samuel, num gesto bacana dos dois baianos para com um iniciante, já salvaguarda o trabalho todo, já lhe dá um quilate indiscutível, mas isso no meu ouvir e sentir, quase sempre suspeitíssimo...
Cê tímido? Então preciso beber menos do que já bebo, sô. Na verdade (já disse isso pra Líria, outro dia) a Tertúlia é um quadro (de Picasso) pregado na parede da minha memória para sempre. Pena, eu milpe. Mas milpe, não sei se você sabe, revive tudo melhor em vídeotape, nuns takes que são só dele. Vez ou outra me flagro na arquibancada (e até no gramado, pra não dizer pó-de-serra...) de tantas 'peladas' que ninguém nem se lembra que se lembra mais...
Feliz demais por receber você aqui,
O irmão do grego (seus fãs).
Continuas brincando com a palavras para homenagear os teus amigos
ResponderExcluirBj
Mag,
ResponderExcluirHomenagear é uma linda forma de dizer que amamos, e sou fã do afã de Capinam não é de hoje, não é de ontem...
Tomara as palavras soem sempre como você descreve em seu comentário generoso comigo e, oxalá, vez em quando me sopre o vento da inspiração e que ele traga, pra minha grande honra e alegria maior, você pra nos ouvir...
Abraço do Leste donde me leste de Minas,
Pedro Ramúcio.
Soy loco por Capinam.
ResponderExcluirBj
Rossana
Rossana,
ResponderExcluirEssa música foi feita quando Che Guevara, símbolo de libertação da América, morreu; foi feita pra ele. E Capinam chamado em cima da hora, no calor do acontecimento, acertou na letra, fê-la com maestria. Os versos são uma homenagem a "El nombre del hombre muerto" e a melodia de Gil é linda...
E eu fico feliz demais por você ter vindo, moça sensível que também é fã do afã de Capinam...
Abraço latinoamericano,
Pedro Ramúcio.
Estamos vivendo os ultimos dias antes do natal, é hora de refletir para que possamos rever o nosso passado para melhorar o nosso futuro. Que Deus nos abençoe e brilhe com sua luz perante você, abrindo o caminho até Ele!
ResponderExcluirSão os votos de J Araújo
Abraço
Feliz Natal Pedro
ResponderExcluirBj
Um abraço natalício, pedro amigo!
ResponderExcluirtudo de bom para ti e para os que amas!
da rama,
ResponderExcluirpassei pra te deixar um beijo, desejar um feliz natal e te pedir para que continuemos de mãos dadas no ano novo ue se avizinha.
saúde e paz, da rama.
beijo grande do
r.
ps: cê viu que bispo filho agora faz parte da tertúlia do pão de queijo?
Mais do que bela essa dedicatória.
ResponderExcluirJá deve ter ouvido isso inúmeras vezes, mas desejo a você e aos seus um Ano novo primoroso e muito inspirador.
Adeus, ano novo!
ResponderExcluirJ Araujo,
ResponderExcluirRetribuo, tardiamente, embora quase nunca seja tarde para retribuir, seus votos de luz e paz, com meus mesmos votos de paz e luz, amigo...
Obrigado pela visita iluminadora, volte quantas vezes quiser em 2011...
Abraço mineiro,
Ramúcio.
Mag,
ResponderExcluirFeliz ano novo...
Abraço imenso,
Pedro Ramúcio Pedro.
Jorge,
ResponderExcluirOutro abraço pra ti de um radiante 2011, poeta do Minho...
Você que me deu tantos Natais em 2010...
Abraço novo e renovado,
Pedro Ramúcio Pedro.
Roberto,
ResponderExcluirSeu pedido é uma ordem, só me resta agradecer tanta coisa boa que cê me proporcionou até aqui, poeta pavimentador de estradas que percorrem almas...
E nessa esteira não poderia faltar o grande poeta Bispo Filho, a desfilar versos que são verdadeiros petardos, dardos com que me firo e viro imortal. A Tertúlia tá mais rica e lírica com as palavras do Bispo, amém...
Abraço em dobro,
Ramúcio, o irmão do Grego (irmão de vocês).
Ale,
ResponderExcluirObrigado de imenso pela visita...
Que 2011 seja inspirador de belíssimos dias pra você, pra nós, pro mundo...
E que eu mereça sua visita outras vezes neste pequeno jardim de lembranças e homenagens que só sei cultivar a várias mãos...
Abraço imenso,
Ramúcio.
Herculano,
ResponderExcluirQue 2011 seja fértil de suas canções, seja o endereço certo de sua poesia ímpar e plural...
Abraço singullar,
Ramúcio.
Que tudo, que nada.
ResponderExcluirVanessa,
ResponderExcluirQue bom merecer você aqui neste pequeno jardim de lembranças, meu quintalzinho de quimeras mil...
Volte sempre que tiver vontade, moça do sorriso amplo in Rio...
Abraço mineiro,
Ramúcio.