terça-feira, 21 de setembro de 2010

POEMA SUGERIDO POR MALLARMÉ

Hoje, o rabiscador de quimeras que vos digita estas mal trançadas linhas não foi almoçar na casa da sogra da musa-esposa. Amanhã, tudo será como antes, noves fora tudo.

Enquanto, no outro quarto, o rapaz da loja de móveis

Monta o guarda-roupa novo que abrigará velhas indumentárias,

Eu penso num poema de Mallarmé.

Será que o rapaz que monta o velho guarda-roupa

Já pensou num poema de Mallarmé, ou não?

"Daqui a pouco chega a musa-esposa,

Dona do guarda-móveis em meu peito,"

Ela que sonhava com um guarda-roupa novinho

Ficará feliz de saber que a loja de móveis usados

(As lojas só vendem móveis usados; novos, só a fábrica)

Já mandara o montador de móveis que agora, no outro quarto,

Brinca de quebra-cabeça, juntando as peças numeradas

Que formarão um velho móvel chamado guarda-roupa,

Enquanto eu lembro dum poema de Stéphane Mallarmé.


Enquanto eu nem sei se o rapaz que monta o guarda-roupa

No outro quarto, ele que acaba de virar poema,

Num quebra-cabeça feito de palavras que eu brinquei de montar,

Já pensou, algum dia, nalgum verso de Mallarmé.


(Pedro Ramúcio/AL-Chaer)

domingo, 12 de setembro de 2010

SÍMPLICE POEMA PARA O CANTO ELEGANTE DE MARGARETH MENEZES

Por esses remunerados dias recebi via e-mail umas cantigas causadoras de fagulhas e lágrimas, estas que nos lavam a alma e aquelas que percorrem espinhas dorsais. Tudo, obra e carinho do cronista de poemas sempre lindos, ele, não por acaso e jamais por qualquer ocaso ocasional, fã do afã do poeta das crônicas mais lindas, Rubem Braga.
Quem me enviou as cantigas é o escritor e jornalista mineiro Roberto Lima, editor do jornal Brazilian Voice in EUA. Também responde pelos blogues Primeira Pessoa e Olho Lírico, além de colaborar às quintas-feiras no Tertúlia Pão de Queijo, blogue coletivo que me dá água na boca (vou burilando minhas estrofes esquizofrênicas, meus mini
poemas). Dentre as cantigas enviadas, algumas do ex-Trovante Luis Represas, artista português que acaba de inaugurar linda parceria com a baiana-luz Margareth Menezes, pra quem eu tenho a honra de trançar este símplice poeminha:

Quando Margareth Menezes
Abre a torneira, vaza uma cachoeira (de luz)
De sua imensa garganta
Então ela entorna uma tonelada
Do seu canto tanto
Sobre nossas perenes cabeças
É que em si ela guarda Represas, Luis
É que em sol ela encerra o Recôncavo, Roberto

(Pedro Ramúcio)