sábado, 29 de maio de 2010

PASÁRGADA PERDIDA

Cismo que em algum lugar -
Nada se parece mais com um paraíso -
Existe uma Pasárgada perdida
Dando Bandeira pra mim.

(Dedicado a Nina Rizzi)

(Pedro Ramúcio)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"DRUMMOND(NIANAS)"













A deferência é uma das maiores formas de reverência, e vice-versa. Vide os versos do talentosíssimo poeta Assis Freitas, que transponho, feito um rio, leito de um São Francisco caudaloso de lirismo e redemoinhos poéticos (perigoso então ficar só nas margens da poesia, e isso lembra canção de Roberto Mendes, outro baiano genial: há que naufragar nessas águas do tempo, para assim se lavar melhor), vide os versos abaixo que deságuam lá do "mil e um poemas" aqui no Canto Geral. Banhem-se, amigos! Fartem-se com esse raro percurso pela obra oblíqua e reta de Drummond, desde Itabira até Feira de Santana:

I

o amor bate na aorta:

então é preciso sangrar


II

tenho leite e jornais

todos os dias

e alguma poesia


III

as cidades e os moinhos

ficam no meio do caminho


IV

não há idade madura

as palavras apodrecem

se não forem gastas


V

consigo rimar outono

com a pedra que sonho

com sono, não


VI

já nasci gauche

o anjo torto

não era pervertido


VII

preso as minhas roupas

e alguma classe

fico cinzento e sem pátria


VIII

sejamos pornográficos

o mundo não é vasto

o mundo parece doce

como soda, raimundo


IX

queria ter nascido

em Andradina

seria uma forma

fina de rima


X

não chores meu filho

ainda há versos que

não foram escritos


(Assis Freitas)